Por que alguns irmãos se amam e outros não se suportam? Entenda as razões e como ajudar seus filhos a terem um relacionamento fraterno
O relacionamento entre irmãos raramente é tranquilo. Há aqueles que se suportam, outros que agem com indiferença, aqueles que se provocam, mas há também os que se abraçam, se adoram, não conseguem ficar separados. Para os pais, é sempre uma incógnita compreender as razões para comportamentos tão distintos. No entanto, a qualidade do relacionamento entre irmãos é bastante influenciada pela maneira como os pais os tratam, a atenção que dispensam a cada um e a forma como lidam com os conflitos que surgem dessa convivência que mistura sentimentos tão contrastantes como admiração e inveja.
“Relacionamentos humanos são sempre complexos, pois abrangem diferentes pessoas, diferentes sentimentos, diferentes contextos. Ao tratar-se de irmãos, a situação se mostra ainda mais delicada, já que o laço afetivo é construído das características individuais e do contexto familiar onde esses laços são construídos. No entanto, os pais são os maiores responsáveis para que o relacionamento entre os filhos seja harmonioso, e as atitudes e os cuidados oferecidos a esses filhos são de extrema importância”, explica a psicóloga Lucimeire de Oliveira Tomé.
Sem comparações
Embora a enorme maioria dos pais ressalte que gosta de todos os filhos da mesma forma e em igual proporção, já ouvi, em conversas informais (e, claro, longe dos filhos), pais deixarem escapar a predileção por um ou outro rebento. Pode parecer algo absurdo para alguns, mas empatia (mesmo pelos filhos) é um sentimento espontâneo, inconsciente, não tem como controlar. O que não pode ocorrer é deixar transparecer esse sentimento em ações e no modo como os filhos são tratados. E nesses casos, a comparação é a prova maior da diferenciação.
“As comparações feitas por pais e familiares são as maiores responsáveis pela existência de relacionamentos conflituosos e rivalidades entre irmãos. É fundamental que as pessoas possam compreender que cada ser humano é um ser único, com capacidades e dificuldades que deverão ser acolhidas, valorizadas e respeitadas”, afirma Lucimeire.
O psicólogo Oliver Zancul Prado, fundador do Instituto de Psicologia Comportamental, corrobora a não comparação e destaca que as ações dos pais servem de espelho para os filhos. “Os pais devem evitar as comparações entre irmãos e precisam adotar regras e critérios que sejam os mesmos para todos os irmãos. É importante ter diálogo e explicitar os direitos e deveres que todos têm como filhos e como irmãos. O comportamento dos pais também deve servir de exemplo. Estes procedimentos não terão efeito desejado caso não exista correspondência entre o dizer e o fazer dos pais”.
Paz e amor
Se a comparação entre os filhos deve ser extinta do comportamento dos pais, existem outras tantas que eles devem adotar para estimular o bom entendimento e a amizade de um irmão para com o outro, como, por exemplo, agir com espontaneidade na hora de elogiar e de criticar (não pode parecer que um filho recebeu palavras carinhosas apenas porque outro as teve antes), observar as aptidões e dificuldades de cada filho para ajudar a desenvolvê-las ou superá-las de modo individualizado e nunca dar privilégios a um em detrimento do outro.
“Os pais devem agir sempre com naturalidade e espontaneidade em relação aos filhos, devem estar atentos para que as afinidades que existem entre as pessoas dentro de um contexto familiar não possibilitem diferenças no tratamento oferecido. É fundamental que utilizem de maturidade e sabedoria na educação dos filhos, de forma que não existam privilégios e preferências, pois se isso ocorrer certamente estará sendo estimulada a rivalidade entre os irmãos”, afirma Lucimeire.
Idades diferentes
Desentendimentos entre filhos com muita diferença de idade também são comuns, motivados muitas vezes por ciúme e imaturidade. Em geral, o ciúme (que quase sempre parte do mais velho) nasce do fato de os pais darem mais atenção ao filho mais novo, e a imaturidade (atitude dos mais novos) deriva da superproteção. Cabe aos pais dialogarem com os filhos e exigir comportamentos compatíveis com suas idades, bem como tratá-los de maneira igual, partilhando as atenções e os carinhos. “É imprescindível que os pais propiciem aos filhos momentos de afeto e diálogo em família, em que carinhos e elogios estejam sempre presentes, dando a oportunidade de que cada filho desenvolva uma auto-estima positiva, certificando a cada um a importância do seu papel e função dentro do contexto familiar”, salienta a psicóloga.
4 dicas para melhorar o relacionamento entre os filhos
1. Respeite a individualidade de cada filho e jamais compare as qualidades e defeitos de cada um;
2. Estimule e participe de jogos e brincadeiras em que os filhos têm que trabalhar em conjunto para alcançar resultados;
3. Como as crianças se espelham nos pais, nunca tenha atitudes contrárias às orientações que dá aos filhos;
4. Se os filhos estiverem brigando ou discutindo, interfira, questione a razão do desentendimento (sempre escutando os dois lados) e repreenda-os de modo lógico e conciliador.
Nossas fontes
Oliver Zancul Prado é psicólogo, conselheiro do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) e membro do Instituto de Psicologia Comportamental
Lucimeire Prestes de Oliveira Tomé é psicóloga com formação em Avaliação Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes, especialista em psicologia escolar e educacional e terapeuta sistêmica de casais e famílias
fonte:www.namochila.com